terça-feira, junho 24, 2008

O libanês Rabih Abou-Khalil - Fado e música árabe na "Casa da Mariquinhas"



Em 2007 o Músico libanês Rabih Abou-Khalil e fadistas Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro misturam culturas em músicas com letras de Jacinto Lucas Pires.
Não é uma fusão entre o fado e a música árabe aquilo que sobe esta sexta-feira e sábado ao palco do Teatro Nacional São João (TNSJ).
"Fusão soa a um plano. Isso não é uma forma criativa de olhar para as coisas", diz o músico libanês Rabih Abou-Khalil, que regressa às experiências com fadistas depois de "Regressos", em 2004*, com Camané e Argentina Santos.
Desta vez, Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro, colegas de trabalho na casa de fado Marquês da Sé, em Lisboa, são os fadistas que dão voz a músicas criadas para o espectáculo, com letras de Jacinto Lucas Pires, inspiradas na mitologia da "Casa da Mariquinhas" de Alfredo Marceneiro e Silva Tavares.
Nem o oud (alaúde árabe) segue à risca a tradição árabe (a música de Rahib não é aceite pelos puristas), nem as vozes portuguesas sem se limitam ao fado. "Cultura e música são sempre uma mistura", considera o músico. "A cultura é um contínuo - se pára morre", refere Rabih, que acredita que há "uma grande ligação entre o mundo português e o árabe".
Desde jovem que Rabih ouvia rock’n’roll, jazz e música tradicional do Líbano. Na Alemanha, onde vive desde 1978, aprendeu estudou flauta transversal e composição clássica europeia.
"Não há sequer uma tentativa de aproximação de linguagens", acrescenta Ricardo Ribeiro. "As músicas não têm nada de fado tradicional", assegura Tânia Oleiro. A fadista confessa que foi um desafio entrar no espectáculo. "O fado é um bocadinho mais livre. Não temos tantos ensaios", refere.
O musico de NAFAS (editado pela ECM) volta à carga em Portugal depois de 2004.
Os concertos aconteceram em 2007 mas este ano espera-se mais.
O espectáculo foi coordenado por Ricardo Pais com Hélder Sousa e já passou pelo São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa

* Em 16 e 17 de Julho de 2004, o Teatro Nacional São João, no Porto, recebeu em estreia absoluta o espectáculo músico-cénico «Regressos».
Este evento juntou em palco a voz da fadista Argentina Santos, de Camané e do grupo do músico libanês, Rabih Abou-Khalil.

Argentina Santos e Camané foram acompanhados por Paulo Parreira, na guitarra portuguesa, Pedro Pinhal, na viola e Carlos Bica no contrabaixo.

Rabih Abou-Khalil contaram com a presença de Michel Godard (tuba), Jarrod Cagwin (bateria), Luciano Biondini (acordeão) e Gavino Murgia (voz).
ANUNCIO DO ESPECTACULO EM 2004
Começou por ser um palco e uma equação: um músico libanês, do mundo, ecléctico, desconcertante + a referência absoluta da "generation next " do Fado + a mais castiça das fadistas portuguesas. Agora que conhecemos os termos da equação - Rabih Abou-Khalil + Camané + Argentina Santos -, continuamos sem atingir a raiz do problema. Regressos permanecerá uma quase-incógnita até ao dia da sua estreia. Quase, porque sabemos que os três actuarão separadamente, explorando modos subtis de aproximação da herança musical árabe e hebraica à canção de Lisboa. Para o encore estará reservada a parte de leão das convivências e dos encontros inesperados, quando Rabih Abou-Khalil e Camané arriscarem, juntos, diálogos entre músicas de distintas geografias e tradições.