quinta-feira, janeiro 26, 2006

A certain Ratio - A porção certa de...Jazz






A banda “A Certain Ratio” foi uma das primeiras a trabalhar para a Factory Records.
A Editora nasceu no “club” do mesmo nome em 1978 e, assim como os artistas locais Duritti Column e Joy Division, foi uma das primeiras bandas a actuar lá.
A lendária banda da Factory Records vê agora parte do seu trabalho ser reeditado pela Soul Jazz.
O inicio da história musical de A Certain Ratio remonta já a finais dos 70s tendo como formação inicial Simon Topping (vocalista), Martin Moscrop (guitarra e trompete), Peter Terrell (programações) e Jeremy Kerr (baixo), sendo acrescidos, já depois do lançamento do seu primeiro single "All Night Party" (quinto numero da Factory), pelo baterista Donald Johnson.
É então editado o seu primeiro album, em cassete, "The Graveyard and The Ballroom", onde já se podiam ouvir as primeiras versões de futuros clássicos dos ACR como "Do The Du" e "Flight" e alguns temas ao vivo gravados durante concertos como banda suporte dos Talking Heads, corria o ano de 1980.
Os concertos sucediam-se em Londres, em festas da sua edirora, a Factory e também mais a norte do Reino Unido servindo de banda suporte aos Joy Division.Em Maio do mesmo ano é gravado o single "Shack Up", originalmente distribuido apenas na Bélgica estando apenas disponivel através de importação.
Tornou-se num grande exito no circuito de dança mais underground em Nova York entrando mesmo para o Billboard Top50 nos EUA, que acaba por levar a banda a fazer uma digressão na terra do Tio Sam.
Curiosamente, ou não, num dos primeiros concertos em Nova York tiveram como suporte a ainda novata Madonna."Shack Up" foi uma das primeiras produções que conseguiu fundir na perfeição o Punk /jazz/funk, ­ era assumidamente material para ser ouvido e, principalmente, dançado.O album "To Each" é gravado nos Estados Unidos e produzido por Martin Hannett.
O resultado final é uma fusão entre o funk americano e o som mais cru do norte de Inglaterra.
Seguem-se "Sextet" e "I'd Like To See You Again", que demonstram toda a vontade dos ACR em fazerem musica que cruza uma série de influencias latino/brasileiras com disco, funk/jazz/ punk.
A própria Factory estava a reinventar-se. O punk ficava cada vez mais para trás e começava-se a entrar na era da musica de dança. A morte de Ian Curtis (vocalista dos Joy Division) acaba por dar origem aos New Order, assistindo-se também aos primeiros passos dos Happy Mondays. Simon Topping acaba por abandonar o grupo e vai para Nova Iorque onde integra outro projecto musical. Juntam-se então aos ACR o saxofonista Tony Quigley e o teclista AndyConnell. Manchester era o lugar onde apareciam cada vez mais projectos ligados à musica de dança. Topping forma mais tarde os T-Coy com Mike Pickering que acaba por encontrar a fama nos M-People.A Factory Records acaba por fechar as portas tendo ainda editado o album "Force", ultimo registo dos ACR para esta etiqueta.
É este periodo de história (1978-1985) que a SoulJazz, agora em 2004, pretende revisitar com a edição de "Early". Ao longo deste duplo CD somos bombardeados com os temas mais marcantes da carreira dos A Certain Ratio e conseguimos também perceber tudo o que está para trás de outros projectos actuais como os The Rapture ou LCD Soundsystem.
É por isso uma reunião de temas que não só marcaram os ultimos 25 anos de musica, como ainda deixam marcas nos dias que correm.As duas faixas mais animadas "Shack UP" e "Knife Slits Water" evidenciam a influência do funk nas linhas de baixo e mostram o uso de percussão com bases eletrônicas. A Certain Ratio foi a primeira banda punk/jazz inglesa a gravar nos EUA - uma experiência que trouxe a banda cult americana, ESG para a Inglaterra e para Factory Records. Ouvir "Shack Up" em alta ou baixa velocidade
JAZZETOME

sexta-feira, janeiro 20, 2006

O MÁGICO - STANLEY JORDAN







Autentico virtuoso das seis cordas que elevou a técnica do dedilhar a duas mãos com um som limpido a niveis de complexidade orquestrais equivalentes aos do piano.Stanley Jordan é um músico americano multifacetado e de excepção, conhecido como o guitarrista que mais contribuiu para a inovação técnica e musical no seu instrumento, a guitarra, considerado um dos mais importantes guitarristas do século XX.
Começou na Elektra records passou depois para a Blue Note em 1985
Magic Touch (1985), o seu primero album, resultou nun grande exito que obteve duas nomeações aos Grammy, permaneceu cinquenta e uma semanas no número um da Billboard de Jazz e foi disco de ouro nos Estados Unidos e Japão.
Em 1986 apareceu no Filme “Blind Date”, com Kim Basinger e Bruce Willis, e tem tido frequentes aparições televisivas nos populares programas de Johnny Carson e David Letterman Show.Segundo o proprio Stanley, os únicos requisitos que deve cumprir o instrumento para poder absorver a sua singular técnica com exito são: uma accão muito baixa, ou seja, as cordas devem quase tocar os Trastos (são pequenas "divisões" de metal do instrumento de cordas).Touch Sensitive (1982).
Magic Touch (1985)
Standards, Vol. 1 (1986)
Flying Home (1988)
Cornucopia (1990)
Stolen Moments (1991)
Bolero (1994)
The Best of Stanley Jordan (1995)
Stanley Jordan Live in New York (1998)
Relaxing Music for Difficult Situations, I (2003)
Ragas (2004)
Dreams Of Peace (2004). Italian jazz e Banda “Novecento”

quinta-feira, janeiro 19, 2006

OUTRO VIRTUOSO -LEE RITENOUR




Lee Ritenour tem sido por muito tempo o músico perfeito... de estúdio.
Possui uma técnica inconfundível de cunho único, Ritenour apostou na maior parte da sua carreira no Smooth Jazz instrumental.
Por vezes com um sabor a “World Music” com influências (assumidas) do Brasil como confirma no novo CD “World of Brasil”, editado em 2005.
O sucesso e sorte da “ajuda” Brasileira é confirmado nas 17 nomeações para Grammy em que a única vitória foi com o disco “Arlequin”, em 1986 em colaboração com o Guru da GRP, Dave Grusin.
Apesar do Jazz com sabor a samba Sul-Americano os esforços do Guitarrista Norte-Americano começaram com influências do grande mestre Wes Montgomery.
Mas apesar da marcada influencia do grande Wes, as tendências de Lee, desde os '70s, foram sempre para o Brasil, e começaram em '77 quando conheceu Sergio Mendes
Em 1973, Ritenour transformou-se um guitarrista muito ocupado no estúdio em Los Angeles, retirando o tempo para digressões ocasionais com a sua banda e nos anos'90 com Bob James e o conjunto Fourplay.
Em 1997's gravou ao vivo em L.A., a primeira vez que os seus desempenhos ao vivo tiveram regsito em CD.
Ganhou diversos discos de ouro, teve vários destaques como nº 1 em top de guitarristas Americanos “guitarra polls” e em 1981 a prestigiosa menção de “aluno do ano" da USC.
Desde os anos 70s, a musica do “capitain fingers” foi uma presença enorme em genéricos de rádio e TV (em Portugal passou durante meses como autor do genérico do teletexto da bolsa –antes do telejornal - no inicio dos anos 90).
Em 1981, atingiu o TOP 15 com a musica "Its You," onde contou com a colaboração do vocalista Eric Tagg, que se transformou também um clássico instrumental do rádio do jazz.
E mais recentemente,a musica"Get Up Stand Up," do álbum “a twist of… Marley” atingiu o nº 1 do top da Radio & Records NAC airplay single de 2001.
Nos anos fundou o grupo “Fourplay”, um dos agrupamentos mais bem sucedidos no contemporary jazz, com o teclista Bob James, e Nathan no baixo e mason de Harvey na bateria.
O primeiro album dos “Fourplay” saiu em 1991 e ficou 33 semanas no nº 1 do top de jazz da revsita billboard,
Além a produzir suas próprias gravações, Lee Ritenour produziu projectos para artistas como Eric Marienthal, Phil Perry e Vesta
Criou a sua própria editora de música, e editou a série de discos-twist of…, tais como “Twist of… Jobim”, Twist of…. Marley.
DISCOGRAFIA:
1970-79
:First Course, Gentle Thoughts, Captain Fingers, Sugar Loaf Express, Friendship (American release), Friendship (Japanese release), Rio, Feel the Night, Collection.
1980-89:
The Best of Lee Ritenour, Rit, Rit Vol. 2, On The Line, Harlequin, Banded Together, Rit Vol. 1, Earth Run, Portrait, Festival, Color Rit.
1990-2005
Stolen Moments, Joyride, Fourplay, Wes Bound, Lee Ritenour and his Gentle Thought, Between The Sheets (Fourplay), Larry and Lee, Elixir (Fourplay), Alive in LA, A Twist of Jobim, This is Love, The Best Of Fourplay, Two Worlds, A Twist Of Marley, Rit's House, A Twist of Motown, The Very Best of Lee Ritenour and the Best of Lee Ritenour, World of Brasil.

PAT METHENY- O MESTRE ESCOLA







Pat, assume um lugar próprio na galeria dos grandes executantes da guitarra, quiçá além mesmo de Al Di Meola, Lee Ritenour, Larry Coryel ou McLaughlin. Sem dúvida, o produto resultante da parceria entre um virtuoso das guitarras e um poeta do contrabaixo é um must em qualquer festival de jazz. Para entendê-lo bastará ouvir, e depois regressar à terra.
Pat Metheny nasceu em Kansas City, em 12 de agosto de 1954. Iniciando com o trompete já aos 8 anos de idade, Metheny trocou para a guitarra ao 12 anos. Aos 15 anos, já estava trabalhando com os melhores músicos de jazz de Kansas City, adquirindo experiência em bandas já muito jovem. Metheny estourou primeiramente na cena internacional do jazz em 1974. Com o lançamento de seu primeiro album, "Bright Size Life" (1975), ele reinventou "o som tradicional da guitarra jazz" para uma nova geração de guitarristas. Durante sua carreira, Pat Metheny continuou a redefinir o genero utilizando a nova tecnologia e trabalhando constantemente para evoluir a improvisação a potencialidade sonora de seu instrumento.
Planejou sua carreira com sabedoria, trabalhando primeiro com uma gravadora de grande prestígio na música moderna (ECM), depois em uma gravadora de inclinações pop (effen) e finalmente com um gigantesco conglomerado de mídia (Warner Bros). Flertou com o jazz-rock, com grande sucesso, e chegou mesmo a ter videoclipes exibidos na rede MTV. Segundo os críticos Richard Cook e Brian Morton, "Metheny tornou-se uma figura-chave na música instrumental dos últimos 20 anos.
Durante os anos, atuou com músicos tão diversos como Steve Reich, Ornette Coleman, Herbie Hancock, Jim Hall, Milton Nascimento e David Bowie. Formou uma parceria de composição com o tecladista Lyle Mays por mais de vinte anos - uma parceria que foi comparada às de Lennon/McCartney e de Ellington/Strayhorn por críticos e por ouvintes igualmente. O trabalho de Metheny inclui composições para guitarra solo, instrumentos elétricos e acústicos, grandes orquestras, e peças para ballet, com passagens que variam do jazz moderno ao rock e ao clássico.
Metheny atuou também na área academica como professor de música. Aos 18, foi o professor mais novo de sempre na universidade de Miami. Aos 19, transformou-se no professor mais novo de sempre na faculdade de Berklee de música, onde recebeu também o título de doutor honorário vinte anos mais tarde (1996). Ensinou também em workshops de música em várias partes do mundo, desde o Dutch Royal Conservatory ao Thelonius Monk Institute of Jazz. Foi também um dos pioneiros da música eletrônica, e foi um dos primeiros músicos do jazz que tratou o sintetizador como um instrumento musical sério. Anos antes da invenção da tecnologia de MIDI, Metheny usava o Synclavier como uma ferramenta de composição . Também tem participação no desenvolvimento de diversos novos tipos de guitarras tais como a guitarra acústica soprano, a guitarra de 42-cordas Pikasso, a guitarra de jazz Ibanez Pm-100, e uma variedade de outros instrumentos feitos sob encomenda.
Metheny é um músico que estuda e escreve muito, está aberto a inúmeras influências, e principalmente toca e grava muito. Nesse processo, atira em várias direções, e é inegável que acaba produzindo alguns trabalhos de caráter mais comercial, ainda que agradáveis e perfeitamente bem executadas.
Durante anos, Metheny ganhou vários concursos como o "melhor guitarrista de jazz" e prêmios, incluindo discos de ouro para os álbuns (Still Live) Talking, Letter from Home e Secrect Stories. Ganhou também quinze prêmios Grammy Awards sobre uma variedade de categorias diferentes incluindo Best Rock Instrumental, Best Contemporary Jazz Recording, Best Jazz Instrumental Solo, Best Instrumental Composition. O Pat Metheny Group ganhou sete Grammies consecutivos em sete albums consecutivos.
Metheny dedica-se a maior parte de sua vida a digressões, calculando em média entre 120-240 por ano desde 1974. Continua a ser uma das estrelas mais brilhantes da comunidade do jazz, dedicando tempo aos seus próprios projetos, a novos músicos e aos veteranos, ajudando-lhes a alcançar suas audiências tão como realizar suas próprias visões artísticas
Pat Metheny é, sob vários aspectos, um produto dos novos tempos no jazz. Jovem músico de técnica soberba, adquirida rapidamente, cedo tocou com alguns dos melhores nomes da atualidade, como Gary Burton, Michael Brecker, Jack DeJohnette, Charlie Haden. Planejou sua carreira com sabedoria, trabalhando primeiro com as edições de culto e de grande prestígio dna música moderna (ECM), depois em uma editora de inclinações pop (Geffen) e finalmente com um gigante dos média (Warner Bros). Flertou com o jazz-rock, com grande sucesso, e chegou mesmo a ter videoclipes exibidos na rede MTV. Segundo os críticos Richard Cook e Brian Morton, "Metheny tornou-se uma figura-chave na música instrumental dos últimos 20 anos. Já sua estatura como músico de jazz está mais sujeita a discussão"...
Sejamos justos: tal julgamento decorre do fato de que Metheny é um músico que estuda e escreve muito, está aberto a inúmeras influências, e principalmente toca e grava muito. Nesse processo, atira em várias direções, e é inegável que acaba produzindo alguns trabalhos de caráter mais comercial, ainda que agradáveis e perfeitamente bem executadas.
O que é admirável em Metheny, porém, é que em algumas obras ele cria uma música espantosamente densa, radical e sem concessões: Song X (com Ornette Coleman) e Zero Tolerance for Silence podem ser tudo, menos trabalhos de um músico preocupado em agradar. E sem dúvida suas gravações em trio são realizações jazzísticas extremamente válidas.
(escrito por V.A. Bezerra, 2001 no site Brasileiro ejazz.com)