domingo, setembro 14, 2008

ADEUS HECTOR ZAZOU




Morreu compositor e produtor francês Hector Zazou


Paris, 09 Set (Lusa) - O compositor e produtor Hector Zazou, que colaborou, entre outros, com Björk e Peter Gabriel, faleceu segunda-feira dia 8 de Setembro em Paris, aos 60 ans, após prolongada doença, informaram hoje fontes do seu círculo profissional.

Inovador, com uma carreira ecléctica, Zazou nasceu em Sidi bel Abbès, na Argélia, em 11 de Julho de 1948, e foi em França um pioneiro na fusão de músicas aparentemente "inconciliáveis", diferentes no género e na origem geográfica.

O seu último álbum, "In The House Of Mirrors", gravado na Índia, deverá ser lançado em 06 de Outubro pela etiqueta Crammed.

Um dos projectos mais aplaudidos de Zazou foi "Les nouvelles polyphonies corses" (As novas polifonias corsas), que marcou o encontro entre a tradição vocal da Córsega e músicos como o japonês Ryuichi Sakamoto, o camaronês Manu Dibango e o norte-americano John Cale.

Hector Zazou gravou em 1983 com o cantor congolês Bony Bikaye o álbum "Noir et Blanc", considerado um marco em matéria de fusão entre a música africana e a electrónica.

No total, publicou 15 álbuns que o tornaram internacionalmente conhecido, com artistas tão diferentes como a islandesa Björk, a norte-americana Suzanne Vega, a inglesa Siouxsie Sioux, o francês Gérard Depardieu, os norte-americanos Lisa Germano e Laurie Anderson e o galego Carlos Nunez.

RMM.

Lusa/fim

terça-feira, junho 24, 2008

O libanês Rabih Abou-Khalil - Fado e música árabe na "Casa da Mariquinhas"



Em 2007 o Músico libanês Rabih Abou-Khalil e fadistas Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro misturam culturas em músicas com letras de Jacinto Lucas Pires.
Não é uma fusão entre o fado e a música árabe aquilo que sobe esta sexta-feira e sábado ao palco do Teatro Nacional São João (TNSJ).
"Fusão soa a um plano. Isso não é uma forma criativa de olhar para as coisas", diz o músico libanês Rabih Abou-Khalil, que regressa às experiências com fadistas depois de "Regressos", em 2004*, com Camané e Argentina Santos.
Desta vez, Ricardo Ribeiro e Tânia Oleiro, colegas de trabalho na casa de fado Marquês da Sé, em Lisboa, são os fadistas que dão voz a músicas criadas para o espectáculo, com letras de Jacinto Lucas Pires, inspiradas na mitologia da "Casa da Mariquinhas" de Alfredo Marceneiro e Silva Tavares.
Nem o oud (alaúde árabe) segue à risca a tradição árabe (a música de Rahib não é aceite pelos puristas), nem as vozes portuguesas sem se limitam ao fado. "Cultura e música são sempre uma mistura", considera o músico. "A cultura é um contínuo - se pára morre", refere Rabih, que acredita que há "uma grande ligação entre o mundo português e o árabe".
Desde jovem que Rabih ouvia rock’n’roll, jazz e música tradicional do Líbano. Na Alemanha, onde vive desde 1978, aprendeu estudou flauta transversal e composição clássica europeia.
"Não há sequer uma tentativa de aproximação de linguagens", acrescenta Ricardo Ribeiro. "As músicas não têm nada de fado tradicional", assegura Tânia Oleiro. A fadista confessa que foi um desafio entrar no espectáculo. "O fado é um bocadinho mais livre. Não temos tantos ensaios", refere.
O musico de NAFAS (editado pela ECM) volta à carga em Portugal depois de 2004.
Os concertos aconteceram em 2007 mas este ano espera-se mais.
O espectáculo foi coordenado por Ricardo Pais com Hélder Sousa e já passou pelo São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa

* Em 16 e 17 de Julho de 2004, o Teatro Nacional São João, no Porto, recebeu em estreia absoluta o espectáculo músico-cénico «Regressos».
Este evento juntou em palco a voz da fadista Argentina Santos, de Camané e do grupo do músico libanês, Rabih Abou-Khalil.

Argentina Santos e Camané foram acompanhados por Paulo Parreira, na guitarra portuguesa, Pedro Pinhal, na viola e Carlos Bica no contrabaixo.

Rabih Abou-Khalil contaram com a presença de Michel Godard (tuba), Jarrod Cagwin (bateria), Luciano Biondini (acordeão) e Gavino Murgia (voz).
ANUNCIO DO ESPECTACULO EM 2004
Começou por ser um palco e uma equação: um músico libanês, do mundo, ecléctico, desconcertante + a referência absoluta da "generation next " do Fado + a mais castiça das fadistas portuguesas. Agora que conhecemos os termos da equação - Rabih Abou-Khalil + Camané + Argentina Santos -, continuamos sem atingir a raiz do problema. Regressos permanecerá uma quase-incógnita até ao dia da sua estreia. Quase, porque sabemos que os três actuarão separadamente, explorando modos subtis de aproximação da herança musical árabe e hebraica à canção de Lisboa. Para o encore estará reservada a parte de leão das convivências e dos encontros inesperados, quando Rabih Abou-Khalil e Camané arriscarem, juntos, diálogos entre músicas de distintas geografias e tradições.

sexta-feira, maio 09, 2008

Homem condenado na Suécia por partilha ilegal de ficheiros


Homem condenado na Suécia por partilha ilegal de ficheiros
Um homem de 31 anos acusado de partilhar ilegalmente na Internet cerca de 4.500 músicas e mais de 30 filmes foi condenado na segunda-feira por um tribunal sueco a pena suspensa e a pagar uma multa de 1070 euros.

Andreas Karlsson, apesar de negar as acusações que lhe eram imputadas, foi considerado culpado de ter «disponibilizado filmes e músicas protegidas por direitos de autor», noticia a AFP.

O processo, iniciado a Março de 2006, foi interposto pelos membros suecos da International Federation of the Phonographic Industry (IFPI), associação que representa os interesses da indústria musical em todo o mundo, e pelos estúdios cinematográficos Buena Vista, Warner, SF e Nordisk Film.

Para além da multa de 1070 euros, Karlsson terá ainda de pagar as custas legais da acusação, no valor de 4818 euros, e mais 1617 euros referentes às taxas judiciais da sua defesa pública.

Para a agência anti-pirataria Svenska Antipiratbyraan este caso reveste-se de especial importância pois representa a maior tentativa de combater a partilha ilegal de ficheiros na barra dos tribunais da Suécia.



Políticos suecos querem que ISPs denunciem pirataria
Duas ministras da Suécia afirmaram que a lei devia obrigar os ISPs a divulgar informações dos utilizadores que partilhem ficheiros protegidos por direitos de autor.

As ministras da Justiça e da Cultura defendem que os tribunais suecos «deviam poder obrigar os fornecedores de Internet a entregar [...] informação acerca de quem tem um certo endereço IP» utilizado para cometer uma ilegalidade na Internet, avança a AFP.

As governantes vão mais longe, afirmando que a identidade das pessoas que partilham conteúdos ilegais devia ser revelada aos detentores dos direitos de autor violados, para que estes possam exigir aos infractores que terminem o download do material, assim como uma compensação financeira.

O governo sueco, que está a planear uma proposta sobre esta matéria, já rejeitou a implementação de uma medida para "expulsar" da Internet todos aqueles que descarreguem conteúdos protegidos por direitos de autor, à semelhança do que acontece em França.

terça-feira, abril 22, 2008

download de músicas sem fins lucrativos absolvido em Espanha


JUIZA ESPANHOLA ABSOLVE "downloads"

A noticia já é de 2006, nas o recurso da Acusação foi agora improcedente.
Ou seja, em Espanha não foi considerado crime o download de músicas!
O download de músicas sem fins lucrativos não é crime foi esta a sentença da juíza Paz Aldecoa, em Santander.
A acusação pedia que o réu fosse multado e pagasse uma indemnização.
O acusado era um homem de 48 anos que retirava na Internet álbuns de música e os compartilhava com os amigos.
A juíza defendeu que um crime contra a propriedade intelectual tem de estar determinado por fins lucrativos, o que não acontecia neste caso.

Fonte: Diario Digital

terça-feira, março 18, 2008

60 ANOS DO HOT CLUBE


Hot Clube de Portugal comemora 60 anos
Sócios querem criar Casa do Jazz

O Hot Clube de Portugal cumpre AMANHÃ 60 anos de vida, passados numa cave lisboeta, com uns escassos 48 metros quadrados apinhados de música e de histórias, que fazem a História do Jazz em Portugal

IN AGENCIA LUSA



Apesar de a cave na Praça da Alegria ser o local mais conhecido, as primeiras instalações do Hot Clube de Portugal foram em casa de Luís Villas-Boas, o fundador e sócio número um deste clube nocturno.

"O Hot Clube só teve existência legal em 1950, quando o governador civil aprovou os estatutos. De 1948 a 1950 andámos a discutir os estatutos e a sede era em casa do Villas-Boas", recordou Bernardo Moreira, antigo contrabaixista e presidente do clube desde 1992.

Villas-Boas lançou a ideia de criar um clube de jazz durante um programa radiofónico que tinha na Emissora Nacional.

Depois de ter angariado apoios, assinou a primeira ficha de sócio a 19 de Março de 1948, onde se pode ver o logotipo que se mantém até hoje - uma luva preta sobre as teclas de um piano.

Se hoje o clube tem perto de 400 sócios, quando abriu tinha mais de 700, mas na altura a maioria inscreveu-se por solidariedade com Villas-Boas, conta Bernardo Moreira.

"A grande maioria destes 700 sócios pagou a primeira vez, mas nunca entrou no clube e se calhar nunca ouviu jazz. Eram boxeurs do Parque Mayer, coristas do teatro de revista e fizeram um acto de solidariedade com o Villas-Boas", explicou o antigo contrabaixista do Hot.

Entre os sócios fundadores figuram nomes da cena cultural como o fotógrafo Gérard Castello-Lopes, o músico Artur Carneiro (pai do antigo ministro Roberto Carneiro) e Augusto Mayer, aos quais se juntaram sócios ocasionais, como Catherine Deneuve, Alexandre ONeill e Raul Solnado.

As quotas mensais custavam dez escudos, o que, pelas contas de Bernardo Moreira, equivalia hoje a 50 euros.

Nestes 60 anos pela cave do Hot Clube passaram centenas de artistas internacionais, como Count Basie, Dexter Gordon e Sarah Vaughn, e lá estudaram músicos como António Pinho Vargas, Mário Laginha, Carlos Bica e Tomás Pimentel.

Os musicos das bandas da armada dos EUA aportados em Alcantara nos anos 50 fazem parte da historia e evolução dos musicos do Hot clube.

"Eles saiam dos Navios Americanos à noite e vinham para cá tocar a noite toda connosco, só saiam daqui às 6 da manhã, ás vezes atrasavam a saia dos navios porque até comandantes cá estiveram ."

"Também os musicos da orquestra de Count Basie cá estiveram a tocar a noite toda...bem bebidos, após o concerto em Lisboa".

O Count Basie ficou no hotel a descansar, mas a banda veio quase toda para a nossa cave.

Sindicalista e apaixonado por jazz, Villas-Boas decidiu um dia criar um clube nocturno para divulgar o que era visto na altura por alguns intelectuais como "música de selvagens".

Sem ele, diz Bernardo Moreira, não havia história do jazz em Portugal e o espólio que deixou ao Hot depois de morrer é um espelho dessa dedicação à divulgação do jazz.

Depositado numa sala no edifício onde funciona a escola do Hot Clube, o espólio tem mais de quatro mil discos, três centenas de livros, quase 800 cartazes e 900 guiões de programas radiofónicos, aos quais se juntam cassetes, bobinas de gravações e preciosidades como uma grafonola para discos de 78 rotações.

Bilhetes de avião e de concertos, milhares de fotografias e um caderno com pautas de temas de jazz manuscritas por Villas-Boas são outros objectos do espólio e poderão ser vistos numa futura Casa do Jazz, que a direcção do Hot quer abrir no edifício onde está localizado o clube.

"Nós queríamos que essa Casa do Jazz tivesse uma componente de investigação, com aulas e workshops, com um núcleo museológico integrado aberto à investigação, porque tudo o que está aqui está a ser inventariado, mas não está estudado", explicou Bernardo Moreira.

Aqueles pequenos 48 metros quadrados da cave do Hot fazem parte do futuro o primeiro e mais antigo clube de jazz em Portugal. Para Bernardo Moreira, papel do Hot Clube "será aquilo que for a evolução do jazz

Nos 60 anos, Mário Laginha e a Big Band do Hot Clube de Portugal interpretarão composições que foram encomendadas ao primeiro pela Hessicher Rundfunk Big Band, pela Brussels Jazz Orchestra, pela Orquestra Jazz de Matosinhos e pela própria “big band” que na ocasião se apresenta.

A festa prolongar-se-á no “foyer” do mesmo espaço até às duas da madrugada, com intervenções de alunos da Escola de Jazz Luís Villas-Boas e com uma “jam session” final que se prevê vir a ser muito concorrida.
Outras acções estão previstas para comemorar este ano o aniversário do Hot, entre elas uma exposição dedicada a Villas-Boas e a edição de uma série de discos, “Live at the Hot Club” e até a criação de uma Editora.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

JAZZ ´N´ GAIA 2008 GRANDES NOMES


Courtney Pine no festival Jazz ´n´Gaia no final de Março
Mário Laginha Trio, Fado em Si Bemol, Sexteto Ivan Lins, Sexteto Michael Lauren e Courtney Pine constituem o extraordinário cartaz do Festival Internacional de Jazz de Gaia 2008 que vai decorrer em Março.

O jazz está de regresso a Vila Nova de Gaia e cumpre as tradições de envolver grandes nomes que, ao longo de três noites, farão as delícias dos melómanos com gostos variados.

Marcado para 27, 28 e 29 de Março no Auditório Municipal, o "Jazz n Gaia 2008" - Festival Internacional de Jazz de Gaia? abrirá com um concerto que só não ofuscará demasiado os restantes porque também esses serão protagonizados por grandes nomes desta área musical.

Com efeito, a primeira noite levará ao palco três amigos de longa data que há quatro anos avançaram para um trio jazzístico: o Mário Laginha Trio. Integra o pianista e compositor que lhe dá o nome e também Bernardo Moreira (baixo) e Alexandre Frazão (bateria), o que promete desde logo um grande espectáculo.

Mas o tempo para respirar é pouco pois, logo no dia seguinte, o festival conta com os também já conhecidos Fado em Si Bemol, curioso projecto de origem nacional (portuense, aliás,) que funde diversos estilos musicais numa embalagem jazzística deveras interessante. A banda integra Pedro Matos (voz), Miguel Silva (guitarra portuguesa), Paulo Gonçalves (guitarra), Pedro Silva (contrabaixo) e Juca (percussão).

E, logo a seguir, é a vez de um nome ligado a estrelas como Quincy Jones, George Benson, Sarah Vaughan ou Ella Fitzgerald, mas que fala por si e garante um espectáculo inesquecível: Ivan Lins. A poucos meses de celebrar 65 anos de idade e com cerca de quatro décadas e meia de música Lins apresenta-se em Gaia com o seu Sexteto.

A última noite do evento contará igualmente com dois concertos, o primeiro deles protagonizado pelo Sexteto do baterista Michael Lauren, um ícone internacional do ensino da bateria, membro-fundador de uma das escolas mais rpestigiadas ? a Drummers Collective de Nova Iorque - e também professor da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (Porto).

Por último, o "Jazz n Gaia 2008" termina em grande com outro dos expoentes internacionais do género musical: o saxofonista e clarinetista Courtney Pine.

Gorada a presença de Cassandra Wilson no festival, por motivos de força maior, o cartaz não fica por isso mais pobre e passa a contar com o multifacetado instrumentista britânico, que completa 44 anos poucos dias antes de se apresentar em Gaia e foi galardoado no ano passado com o Best Jazz Act dos Urban Music Awards!
O saxofonista britânico Courtney Pine vai encerrar o «Jazz´n´Gaia 2008», em substituição da vocalista norte-americana Cassandra Wilson, ausente por motivos de força maior, anunciou hoje a organização do festival.

noticia DD

Do cartaz do «Jazz´ n´ Gaia - Festival Internacional de Jazz de Gaia», que se realiza a 27, 28 e 29 de Março no Auditório Municipal, fazem parte o Mário Laginha Trio, os Fado em Si Bemol, o Sexteto de Ivan Lins e o Sexteto de Michael Lauren.
Nascido em 1964, em Londres, Courtney Pine é uma personalidade musical enigmática que regularmente recebe os maiores elogios e os piores ataques da crítica musical, pelas constantes mudanças de orientação que tem imprimido ao seu percurso.

O músico londrino já incluiu na sua música os mais variados subgéneros musicais, desde elementos de diversas tradições musicais até à pop, reggae, electrónica, funk e soul, que combinou com o jazz.

Já tocou com gente variadíssima, desde a estrela do reggae General Saint, até Clint Eastwood (o actor, que é também pianista e apaixonado pelo jazz) e foi também membro da orquestra de jazz de Charlie Watts (o baterista dos Rolling Stones) e dos Jazz Messengers de Art Blakey, uma das melhores bandas de jazz de sempre.

Publicou também discos de jazz «mainstream», como «Modern Jazz Stories» (1995), com uma formação constituída por músicos de elite norte- americanos que incluía a pianista Geri Allen, Mark Whitfield (guitarra), Eddie Henderson (trompete), Charnett Moffett (baixo) e a vocalista Cassandra Wilson, que recebeu os maiores elogios da crítica.

O disco seguinte («Underground», de 1997), frustrou os críticos ao incluir DJ´s de hip-hop e programação de percussão, numa formação que incluía também nomes respeitados do jazz como Jeff Watts, Whitfield, Reggie Veal, Nicholas Payton e Cyrus Chestnut.

Em 2000 lançou outro disco premiado pelas revistas de jazz, «Back in the Day», um tributo ao funky soul-jazz e ao Afro-funk, com músicos como Gary Bartz, Fela, Manu Dibango, Eddie Harris, Idris Muhammad e Bernard Purdie.

A mudança é uma constante da carreira de Courtney Pine, pelo que os seus concertos são também sempre uma surpresa, o que não deixará de suceder a 29 de Março, no Auditório de Gaia.

O concerto de abertura está a cargo do Mário Laginha Trio, formado pelo virtuoso pianista, o contrabaixista Bernardo Moreira e Alexandre Frazão, na bateria, três músicos da primeira linha do jazz nacional.

No dia seguinte, apresentam-se em Gaia os Fado em Si Bemol, projecto de origem portuense que funde diversos estilos musicais numa «embalagem» jazzística.

A banda integra Pedro Matos (voz), Miguel Silva (guitarra portuguesa), Paulo Gonçalves (guitarra), Pedro Silva (contrabaixo) e Juca (percussão).

Logo a seguir, é a vez Ivan Lins, um nome grande da música brasileira, cujas composições foram tocadas e cantadas por estrelas como Quincy Jones, George Benson, Sarah Vaughan ou Ella Fitzgerald.

A poucos meses de celebrar 65 anos de idade e com uma carreira de cerca de quatro décadas e meia, Ivan Lins apresenta-se em Gaia com o seu Sexteto.

A última noite do evento contará igualmente com dois concertos, o primeiro deles protagonizado pelo Sexteto do baterista norte-americano Michael Lauren.

Nome respeitado a nível internacional do ensino da bateria e membro fundador de uma das escolas mais prestigiadas da especialidade, a Drummers Collective, de Nova Iorque, Michael Lauren reside actualmente no Porto, onde é professor do curso de jazz da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (Porto).

Noticia: Diário Digital / Lusa
DISCOGRAFIA
courtney pine
2005 Resistance
2003 Devotion
2000 Back in the Day
1997 Underground
1995 Modern Day Jazz Stories
1992 The Eyes of Creation
1991 Within The Realms of Our Dreams
1990 Closer To Home
1989 The Vision's Tale
1988 Destiny's Song
1986 Journey to The Urge Within

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

JAZZ E CINEMA PORTUGUES- UMA PEROLA EM CD





UMA VERDADEIRA PÉROLA ESQUECIDA
Este cd é uma fantastica incursão do jazz tocado por portugueses no cinema Português.
Parece uma uma ideia simples mas ninguem se lembrou disto até que foi levado à Estrada o projecto "A Jazzar", do Zé Eduardo Unit.
A ideia do CD nasceu por encomenda do Cineclube de Faro, através da sua presidente Anabela Moutinho, após dois espectáculos, respectivamente em 1999 e em 2001.
O primeiro celebrava os 25 anos do 25 de Abril em que o trio tocava temas célebres dessa ocasião histórica, e o segundo homenageava a história do Cinema Português.

E edição em CD de "A Jazzar no Cinema Português" foi um primeiro e estrondoso passo.
Daí até ser nomeado disco do ano em 2002 pelo site Jazz Portugal da responsabilidade do crítico José Duarte, e pela revista de Jazz "All Jazz" foi mais um pequeno espaço.
Para além da excelente visibilidade e recepção do disco, as suas vendas foram muito além das expectativas, esgotando a primeira edição de 2.000 exemplares, justificando uma segunda edição.
Do historial humano e musical de Zé Eduardo e na sequência do célebre concerto de 1999, surgiu a ideia de homenagear um dos mais importantes autores nacionais de todos os tempos, José Afonso, que foi simultaneamente, com as suas palavras e músicas, um dos nomes mais importantes da revolução dos cravos.
De entre todas destaca-se faixa “Cantiga da Rua” a Jazzar no Cinema Português dos anos 30 e 40 tocada com alma esta musica deve ser ouvida atentamente pelos amantes da musica.
Fazem também parte desta singular gravação temas brilhantemente tocados em formado Jazzistico como "Cantar Alentejano", "Coro da Primavera", "Traz outro amigo também", "Grândola" e "O que faz falta é avisar a malta", ganhando nova forma com arranjos muito originais, plenos de humor e magia jazzofonica.
Diz Zé Eduardo que apesar de serem instrumentais até escolheu estes temas pelas letras e não pela música, "...basicamente pelo que representam e pela força das palavras, campo onde o Zeca era um mestre...". "...é claro que a música do Zeca também faz sentido sem a poesia, mas foi graças à sua união com as palavras que o todo se tornou definitivo nesse momento histórico crucial".
Refere ainda sobre este disco que "o Cine Clube de Faro desafiou-me para pegar nestas músicas e reinventá-las ao vivo. Aceitei e reconheço que nos deu um "gozo" memorável. Toda a gente lhe dizia apos os espectaculos: «Eh, pá, vocês têm que gravar isto!!»
“Isto” era o espectáculo Canções dos Filmes de Abril, acontecido em Abril de 1999, com o Zé Eduardo Trio, e quem no-lo dizia, com tanta veemência e incontido entusiasmo, era Fernando Matos Silva. Soube-nos bem, e achámos justíssimo, que os músicos bem o mereciam. Dois anos depois, noutra comemoração de um outro dia de Abril – o 6, da nossa fundação em 1956 -, e porque o tema era cinema português, lá foi o segundo desafio ao mesmo Zé Eduardo, que com igual irreverência e mestria recria 5 outras canções de filmes portugueses, de novo com formação em trio.
É um disco imperdivel e 5 anos depois já é bastante raro de encontrar...
Como tudo o que de bom foi feito na musica em Portugal vai sendo esquecido com o tempo.

BIOGRAFIA DOS MUSICOS:
Zé Eduardo foi fundador e director do Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal e da Orquestra de Jazz do Hot Clube antes de se mudar para Barcelona, onde viveu entre 1982 e 1995.
Foi director do Departamento de Jazz da Escola Profissional de Música de Almada e fundador da Escola de Jazz do Barreiro, além de ter leccionado em inúmeros "workshops" e todo o tipo de acções formativas.
Mas é 2002 que marca a imposição definitiva do "performer" sobre as suas outras facetas. Zé Eduardo não tem parado de tocar com o novo formato do seu Unit, em trio, com o baterista Bruno Pedroso e o saxofonista Jesus Santadreu.
Bruno Pedroso é um dos bateristas portugueses mais requisitados. Versátil e inventivo, a sua participação na concepção musical do trio não se ficou apenas pelas baquetas.
Jesus Santandreu é já um dos nomes maiores do saxofone em Espanha, não só pelas suas qualidades musicais muito acima da média, mas também pelo seu humor e espírito generoso que podem levar a música do trio a lugares insólitos. Nas palavras de Zé Eduardo, "...tenho com ele uma empatia musical e pessoal absoluta
Tudo isto resultou num dos mais fascinantes títulos do jazz português: o renascimento discográfico do Zé Eduardo Unit num projecto sobre memórias musicais no cinema nacional.

a Lista de temas, filmes e intérpretes originais do CD é a SEGUINTE:

Músicos
JESUS SANTANDREU
sax tenor
BRUNO PEDROSO
bateria
ZÉ EDUARDO
contrabaixo, piano e direcção

Cd-Audio
Produção
Anabela Moutinho, Cineclube de Faro
Estúdios
Xangrilá, Lisboa
Fábrica
Sonopress, Madrid
Data de gravação
17 e 18 Outubro de 2002
Gravação
Pedro Rego
Misturas e Masterização
Pedro Rego e Christian Schonberg
Capa e Desenhos originais
José Carlos Fernandes
Design
Gabriela Soares – Bloco d – Faro
Tradução
Cristina Firmino
Tiragem
2000 exemplares
Lançamento comercial
9 de Dezembro 2002

FAIXAS:

1. Se Eu Fosse Um Dia o Teu Olhar (Pedro Abrunhosa, letra e música*)
Adão e Eva, Joaquim Leitão, 1995 / Pedro Abrunhosa © 1997

2. Balada de Rita (Sérgio Godinho, letra e música*)
Kilas, o Mau da Fita, José Fonseca e Costa, 1980 / Sérgio Godinho © 1978

3. Barco Negro (Caco Velho/Piratini, música / David Mourão-Ferreira, letra) Les Amants du Tage, Henri Verneuil, 1955 / Amália Rodrigues © 1955

4. Grândola, Vila Morena (José Afonso, letra e música) Ano I – 1º de Maio de 1975, U. P.C. nº 1 do IPC, 1975 / José Afonso © 1971

5. Medley
Os Demónios de Alcácer-Kibir (Sérgio Godinho, letra e música*)
Os Demónios de Alcácer-Kibir, José Fonseca e Costa, 1975 / Sérgio Godinho ©1976

Eu Vi Este Povo a Lutar (Confederação) (José Mário Branco, letra e música*)
A Confederação (O Povo è que Faz a História), Luís Galvão Teles, 1977 / José Mário Branco © 1982

6. Peregrinações (Fausto, letra e música*) Acto dos Feitos da Guiné, Fernando Matos Silva, 1980 / Fausto © 1979

7. Verdes Anos (Carlos Paredes, música*) Verdes Anos, Paulo Rocha, 1963 / Carlos Paredes © 1967

8. Os Índios da Meia-Praia (José Afonso, letra e música*) Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia, António da Cunha Telles, 1976 / José Afonso © 1976

9. Cantiga da Rua (António Melo, música / João Bastos, letra*) Costa do Castelo, Arthur Duarte, 1943 / Milú © 1943

(*composto para o filme)

Nota
O tema Barco Negro, embora tendo sido utilizado num filme de produção e realização franceses, foi incluído na presente obra por nele ter participado Amália Rodrigues como actriz e fadista.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

JAZZ E FADO - DOIS CD´S QUASE IGUAIS




"Amália revisited" reúne alguns dos projectos e artistas mais representativos da nova vaga da música em português. Ao longo de 15 temas, a homenagem leva-nos numa viagem através de sonoridades tão diversas do Fado como o hip hop, pop, blues, electrónica... Com excepção dos temas de Sam The Kid e Kandoo (Valdjiu dos Blasted Mechanism) todos os registos são novas leituras de canções popularizadas por Amália Rodrigues na sua excepcional carreira.

Sam The Kid apresenta-nos "êthos" e Kandoo (Valdjiu dos Blasted Mechanism) participa com “N’Canunhô”. As reinterpretações ficam a cargo de Bulllet (com Liana, em "Cansaço"), Cool Hipnoise ("Flor de Lua"), Fusionlab (com Kalaf em "Havemos de ir a Viana"), Ka§par & Rui Murka (com Melo D em "Vou dar de beber a dor"), João Pedro Coimbra (dos Mesa) com Ana Deus dos Três Tristes Tigres ("Medo"), Lisbon City Rockers com Margarida Pinto (Coldfinger) ("Estranha forma de vida"), Metrô ("Meu amor, meu amor"), Alex FX (com Marta Bernardes d’O Projecto É Grave em "Sabe-se lá"), Donna Maria ("Foi Deus"), Mr. Tea (com Orlanda (dos Shout), em "Barco Negro"), Maria João Branco ("Amália - Quis Deus Que Fosse o Meu Nome"), JC Loops (com Ana Laíns em "Povo Que Lavas no Rio") e Yoda (com Ana Vieira (Rodrigo Leão) em "Lágrima").
ALINHAMENTO

01. Bulllet feat. Liana - Cansaço (versão Fantástica)
02. Alex Fx feat. Marta Bernardes - Sabe-se lá
03. Cool Hipnoise - Flor de Lua (Wet Moon version)
04. Fusionlab feat. Kalaf - Havemos de ir a Viana
05. Sam The Kid - Ethos
06. Ka§par & Rui Murka feat. Melo D - Vou dar de beber a dor (Antidote version)
07. João Pedro Coimbra feat. Ana Deus - Medo (Susto)
08. Donna Maria - Foi Deus
09. Lisbon City Rockers feat. Margarida Pinto - Estranha forma de vida (R-Form)
10. Mr. Tea feat. Orlanda - Barco Negro
11. JC Loops feat. Ana Laíns - Povo Que Lavas no Rio
12. Yoda feat. Ana Vieira - Lágrima (Tears for Amália mix)
13. Maria João Branco - Amália, quis Deus que fosse o meu nome
14. Metrô - Meu amor, meu amor
15. Kandoo - N’ Canunhô


Label: Difference

Jazzmine - Lisbon
Cat.No.: DW50036CD

Format: 1 CD Digipack

A colecção Jazzmine apresenta os melhores temas de world beats, recolhidos por todo o globo. Músicas que fundem raízes com electrónica, a descobertas de novos talentos e a confirmação dos melhores valores.A colecção Jazzmine é uma viagem à volta do mundo, através das mais excitantes cidades e regiões, sob uma lente de expressão musical urbana e requintada.

As 12 etapas de Jazzmine são: Buenos Aires, Lisbon, Rio de Janeiro, London, Tibet, Milan, Andaluzia, Africa, Paris, Ibiza, Arabia e Tokyo.

Este é o Segundo volume da colecção. Lisboa, a cidade a partir da qual meio mundo foi descoberto, tornou-se uma metrópole multicultural ao longo dos seus mais de 8 séculos. A sua paisagem humana é diversa e reflecte muitas influências, desde os antigos Celtas, passando pelos Mouros conquistadores até aos países Africanos de expressão portuguesa e Brasil.

Lisboa é também uma moderna Capital Europeia, e continua a albergar novos pensamentos e pontos de vista.
Neste volume, levantamento a ponta do véu da mescla cultural que Lisboa é actualmente, onde a nova geração de artistas alia outros ritmos e ferramentas modernas à música tradicional.

Aqui podemos ouvir maioritariamente Fado com uma roupagem electrónica, mas não só. O CD Lisbon tem a fila da frente da electrónica portuguesa, a montra da sua visão contemporânea de uma das mais antigas cidades europeias.
Um retrato colorido da Lisboa do século XXI.


Tracklist:
01: Intro Gaivotas Double Mp
02: Bhigheshima Double Mp
03: Cansaço Bulllet Feat. Liana
04: Sabe-se Lá Alex Fx Feat. Marta Bernardes
05: Flor De Lua (wet Moon Version) Cool Hipnoise
06: Havemos De Ir A Viena Fusionlab Feat. Kalaf
07: Êthos Sam The Kid
08: Vou Dar De Beber À Dor Ka§par & Rui Murka Feat. Melo D
09: Barco Negro Mr. Tea Feat. Orlanda
10: Amália Maria João Branco
11: Tempo Liana
12: Estranha Forma De Vida Lisbon City Rockers Feat. Margarida
13: If You Wanna Survive Bangguru
14: Madrugada Deeper Sense

quarta-feira, janeiro 02, 2008

CIRCO COM JAZZ DE FUNDO - A HOMENAGEM QUE FALTAVA AOS DIXIEGANG






É surpreendente para pessoas com menor conhecimento do "Jazz dos primórdios", como ele e familiar e simples: a melodia é cantável, o ritmo convida o corpo á dança, a harmonia é frequente, previsível e o ambiente da música sugere leveza e despreocupação. Numa segunda análise, no entanto, esta musica - em particular quando tocada pelos seus interpretes maiores - Louis Armstrong, Bix Beiderbecke, King Oliver, Jelly Roll Morton, Kid Ory, etc. - revela-se extraordinariamente rica e subtil e mesmo complexa nos arranjos, nas variações de ritmo, nas progressões harmónicas e "last but not the least" na inspirada improvisação. Só assim se compreende que a música tocada por estes músicos desde o princípio do século, tenha lançado bases para uma nova linguagem musical com temas e sonoridade que, quase 90 anos, nos mobilizam e emocionam.
Vários Países Europeus acompanharam os Estados Unidos na apreciação deste Jazz clássico também chamado "Dixieland". No Reino Unido, França, Alemanha e Holanda por exemplo, o Jazz clássico é tocado por inúmeras bandas e recriado em frequentes e informais "Jam sessions".
Sete "fanáticos" desta música fundaram em 1991 o Dixie Gang. Este grupo editou o seu primeiro CD em 1999 - Jazz me Blues -, desde que foi criado já realizou cerca de setecentos concertos em festivais de Jazz, na televisão, em clubes, discotecas e nas mais variadas manifestações em que requer o enlevo da musica.

Fundados há década e meia, os Dixiegang, dos quais Paulo Gaspar é clarinetista, tocam em todo o tipo de eventos, de festivais a festas de casamento e até a funerais, como aconteceu no enterro de Luís Villas-Boas, fundador do Hot Clube de Portugal.
O Dixie Gang é composto por João Viana (cornetim), Claus Nymark (trombone), Paulo Gaspar (clarinete), Jacinto Santos (tuba), David Rodrigues (piano), Silas Oliveira (banjo) e Rui Alves (bateria).

0 repertório do Dixie Gang é constituído essencialmente por jazz dos anos 10 e 20 do século XX.

Com já se disse o agrupamento iniciou a sua actividade regular em 1991, tendo apresentado, desde então, um grande número de espectáculos ao vivo, destacando-se as igualmente participações em vários festivais de jazz nacionais e estrangeiros.

Preparam-se agora para gravar um novo cd ao vivo do Festival de Jazz de Valado dos Frades. O seu último CD, "Jazz me Blues", editado em 1998, encontra-se esgotado.

Originária de New Orleans, a cidade mártir do Louisiana, a sua música como que escorre pelas paredes, torrencial, num delírio de ‘dixieland’ e ‘old jazz’. Depois de ‘Jazz Me Blues’, a banda acaba de gravar o segundo disco, ‘Pimenta da Terra’, uma nova viagem até aos pântanos do sul dos Estados Unidos da primeira metade do século passado.

Formada por sete elementos (clarinete, cornentim/voz, souzafone, trombone, piano, banjo e bateria), a banda representou Portugal no Festival Internacional de Dixieland de Tarragona, depois de participações anteriores na Eslováquia, em Macau ou em Espanha. “Divertimo-nos muito. É que gostamos mesmo de estar em palco”, diz Paulo Gaspar. Ver os Dixiegang é como assistir a um grupo de homens de barba rija a brincar ao circo – mas com música de primeira qualidade.

ouvir cd em http://www.dixiegang.com/

As palavras de Paulo Gaspar em entrevista ao Correio da Manhã EM 23-6-2006:

Primeiro, foi o medo.
“Eu era o gordo e o Manel quase todos os dias me dava porrada. Vinha de uma família de 14 irmãos e hoje só tem um terço dos dentes – todos podres”, conta. Depois, foi a inércia. “De forma que fiz parte do gang por medo de não fazer parte. Podia sofrer represálias se não fizesse. O líder era o Tó Pardal, que entretanto teve um problema com um cigano que lhe deu um tiro e lhe arrancou parte da cara. No início chateávamos as velhotas, roubávamos laranjas e atirávamo-nos do segundo andar de prédios em construção. Depois apareceram as drogas. Mas eu já não entrei. Já então tinha percebido que a música era a minha tábua de salvação.”

Foi assim a adolescência de Paulo Gaspar: turbulenta, confusa, repleta de histórias relacionadas com drogas, tiros e pessoas com alcunhas inspiradas na vida selvagem. Até aos 17 anos o jovem ribatejano dividia o tempo entre a escola secundária e a agricultura, trabalhando nomeadamente na apanha do tomate ou nas vindimas, da poda à empa, da sulfatagem à colheita. Aos 17, concluído o liceu, foi para a construção civil como servente de pedreiro. Mas já antes encontrara o seu caminho. Membro da banda filarmónica local desde os oito anos, como clarinetista, é hoje, aos 36, o mais reconhecido músico de clarinete do jazz português. Acaba de concluir o mestrado e trabalha já no doutoramento em Artes Musicais. Solista da Banda da Armada, é professor na Escola de Jazz Luís Villas-Boas, membro da Big Band do Hot Clube de Portugal e elemento, entre outros projectos como ‘freelancer’, dos Dixiegang, o principal conjunto português de ‘old jazz’.

“Até aos 17 anos só podia ir ao ensaio da banda depois de acabar o trabalho na agricultura. Os ensaios eram aos sábados à tarde e, apesar de ser asmático, o meu irmão trabalhava até ao limite das forças para me ajudar, pois sabia que a música era importante para mim”, recorda. Filho de um fiel de armazém e de uma doméstica, Paulo Gaspar viveu primeiro no Bairro da Torre, feito essencialmente de casas de lata – e entretanto demolido, com toda a população realojada em habitação social – e depois num pequeno apartamento no centro da cidade da Azambuja. A maior parte do tempo, porém, passava-o na quinta do avô, em terra de lezíria, vinho e toiros. “Acabava o dia, pegava na bicicleta e vinha da propriedade até ao centro da vila. Chegava todo cheio de lama e os miúdos da escola gozavam comigo. Mas então eu pegava no clarinete, punha-me a tocar Beatles ‘in concert’ e era a realização total ”

A música apareceu sobretudo por influência indirecta do avô, entretanto falecido, cujo passado como músico amador o levara sempre a desejar descendência artística. E, em 1978, quando o Centro Cultural Azambujense abriu a banda filarmónica e a respectiva escola, o pai de Paulo Gaspar inscreveu--o de imediato. Não foi um começo fácil. Último clarinete da última fila dos instrumentos de sopro, o jovem músico detestava o solfejo e quis por diversas vezes desistir. “Ainda por cima o Miranda, meu professor, que era Ranger, batia- -me. Só não desisti porque o meu pai não deixou”, conta. O momento da afinação dos instrumentos – que no clarinete se faz através do encaixe das três peças, concluindo o encaixe ou deixando-o incompleto – era outro pavor: Paulo Gaspar deixava guinchar o instrumento e, durante alguns minutos, toda a banda o gozava. “Era o momento deles. E eu só pensava: ‘Algum dia vocês vão ter de haver-se todos comigo Algum dia eu hei-de dominar isto!”

Até que, a certa altura, o maestro João Teófilo olhou para a criança ao fundo da fila dos clarinetes e pediu-lhe para fazer a cadência principal de ‘As Uvas do Douro’. Tudo mudou. “Passei de último clarinete a solista. E foi isso que espoletou a coisa toda. Basicamente a música levou-me de um lugar de chacota para um lugar de destaque. E, a partir daí, nunca mais parei”, sublinha Paulo Gaspar. Mesmo a agricultura, que ainda viria a praticar durante alguns anos, ou a construção civil, a que se dedicaria após a escola secundária, confuso sobre que carreira seguir, acabaram assim por ser apenas interregnos num percurso essencialmente coerente. “Houve momentos em que não sabia para onde ia. Mas sabia que queria continuar com a música. Como entretanto comecei a namorar com uma estudante do segundo ano de Farmácia, achei que não podia ser aquilo de uma farmacêutica namorar com um servente de pedreiro – e decidi fazer mais a sério pela vida. Mas não me esqueço dos tempos mais duros. Foram essenciais na minha formação.”

Paulo Gaspar estreou-se ao clarinete em Março de 1979, na procissão da Senhora dos Passos, na Azambuja. Feito o trajecto como membro da banda filarmónica, inscreveu-se no Conservatório aos 19 anos e aos 21 na Escola Superior de Música. Bacharel em Clarinete desde 1994, concluiu a licenciatura em 1999 e o mestrado já este ano, com uma tese em torno da relação entre o clarinete e o jazz. O doutoramento, na Universidade de Évora, centra-se na obra de Benny Goodman, o grande clarinetista do ‘swing’ e das ‘big bands’ dos anos 30 e 40.

No currículo de Gaspar contam-se presenças nos mais variados festivais nacionais e internacionais, participações em todo o tipo de bandas de jazz e orquestras de música de câmaras e colaborações com diversos autores de música contemporânea, de Jorge Palma a Sérgio Godinho, de José Mário Branco a Vitorino e João Gil. “De cada vez que conseguia passar para a dimensão seguinte, era um sonho. Ao princípio o próprio Conservatório ou a Banda da Armada pareciam absolutamente inacessíveis para mim”, diz.

Residente durante vários anos em Setúbal, Paulo Gaspar decidiu entretanto voltar à velha Azambuja, de onde emocionalmente nunca chegou a sair. Sabe que santos da casa não fazem milagres – e que por isso muitos ainda o vêem como o adolescente que tocava na banda filarmónica. Mas está feliz por reencontrar a lezíria, embora entretanto a industrialização se tenha intensificado e de Lisboa, cidade que se mantém à mesma distância de 50 quilómetros de sempre, cheguem agora comboios a cada trinta minutos, quando antigamente não havia mais de três carreiras por dia.

“Cada década que passa, o jazz em Portugal duplica a sua dimensão.
Basta ver o que se passa no género de música que os Dixiegang fazem. Começámos há 15 anos e, na altura, éramos a única banda do género. Depois apareceu outra, os Estardalhaço da Geringonça. Hoje, há mais de uma dezena de grupos”, diz. “Para além disso, somos o país da Europa com mais festivais ‘per capita’. Só falta o reconhecimento a nível do ensino. Mas mesmo isso começa a mudar.”

Paulo Gaspar dividia o seu tempo na adolescência entre a escola e a agricultura. Aos 17 anos trabalhava na construção civil, como servente de pedreiro. Hoje é o mais reconhecido – e provavelmente o melhor – clarinetista português de jazz. Nasceu num bairro de lata, fez parte de um gang e muitos dos amigos de infância sucumbiram às drogas. Alguns foram presos, outros morreram de overdose.
Mas ele encontrou o seu caminho a partir de uma banda filarmónica e agora trabalha no doutoramento em Artes Musicais.


MEMBROS:

João Viana
Médico de profissão, trata o CORNETIM com o mesmo cuidado com que trata os seus doentes
Claus Nymark
Músico profissional, prova-nos que da Dinamarca não vem só boa cerveja: vem também excelentes TROMBONES
Paulo Gaspar
Licenciado em CLARINETE pela Escola Superior de Musica de Lisboa, toca Mozart ao almoço e Albert Nicholas ao jantar...
Jacinto Santos Músico profissional e produtor, segura os graves da banda com o seu famosíssimo SOUSAFONE.
David Rodrigues
Professor Universitário e exerce Psicomotricidade aplicada no PIANO.
Silas Oliveira Jornalista de profissão, foca num BANJO digno de um museu, Blues das melhores colheitas.
Rui Alves
Musico profissional, e na BATERIA e onde calha que marca os ritmos fortes e as subtilezas que enquadram este Jazz.

clubedejazz.com


JAZZ E FUTEBOL A TRIP TO BRAZIL 5 - A COPA DE 2006


Brasil (en)canta o Futebol com sua Música ao ritmo mix de bossa, jazz, e funk

O destaque deve ser dado em primeiro lugar ao trabalho esmerado do produtor Arnaldo DeSouteiro na edição de A Trip to Brazil – Vol. 5: Copa do Mundo 2006.
E em segundo, mas não necessariamente por essa ordem, à qualidade das músicas e aos talentosos artistas que as criaram.

É o quinto volume da aclamada série “A Trip to Brazil”, que é dirigida pelo jornalista e produtor Arnaldo DeSouteiro para a Universal Music, desde 1998.
Neste cd estão presentes duas das maiores paixões do povo brasileiro: música e futebol.
São 22 músicas escolhidas a dedo: no digit pack do cd, cada uma contém um texto que explica a sua vinculação com o futebol.

Roteiro de Viagem

Pelé, o maior jogador de todos os tempos, aparece como cantor e compositor em dueto com as cantoras Elis Regina (“Perdão, não tem”) e Gracinha Leporace (“Meu Mundo é uma Bola”).
Duas outras homenagens presentes no cd foram feitas pelo cantor e percussionista Jackson do Pandeiro (“O Rei Pelé”) e pelo quarteto vocal MPB-4 (“Obrigado Pelé”). Tostão, mito e craque do futebol brasileiro, teve a honra de ser documentado em 1970 com o filme “Tostão, a Fera de Ouro”, de onde foram selecionadas duas músicas de Milton Nascimento: “O Jogo” e “Aqui é o País do Futebol”.

Afonsinho, outro lendário jogador de futebol, foi contemplado pelo atual Ministro da Cultura Gilberto Gil com a música “Meio de Campo”, interpretada por Elis Regina e arranjos de César Camargo Mariano, que também está presente com “Futebol de Bar”, retirada da sua suíte “São Paulo-Brasil”. Jorge Benjor, flamenguista doente, contribui com as músicas “Fio Maravilha” e “Camisa 10 da Gávea”, essa dedicada ao genial Zico, que dirigiu a seleção do Japão em 2006.
Benjor também está presente com “Cadê o Penalty?”, junto com a sua badalada Banda Zé Pretinho.

Já Chico Buarque presta uma homenagem-síntese a Mané Garrincha, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro com sua obra prima “O Futebol”.
Da nova geração do jazz Brasileiro, o compositor e pianista Fábio Fonseca, também mestre no órgão Hammond, contribui com “Samba da Copa”, feita especialmente para essa edição.
Outra novidade fica com o tecno-percussionista Marcelo Salazar, que reverencia Ronaldo e sua arte de jogar com “Caminho do Gol”.

Não poderia faltar nessa seleção a famosa trilha do Canal 100, “Que Bonito é”, aqui interpretada pela cantora sueca Sylvia, junto com Toots Thielemans e Sivuca.
O sambista João Nogueira saúda a claque do flamengo com “Samba Rubro-Negro” e o grupo mineiro Skank apresenta o samba-rock “É uma Partida de Futebol”, música que encerra esse cd.
“Maracanã”, o estádio de futebol mais famoso do mundo é homenageado pelo grupo de jazz fusion Azymuth.
Os mestres Pixinguinha e Benedito Lacerda com a clássica “1x0”, começaram tudo pelo que Nelson Ângelo resolveu colocar a letra e dar a sua voz para essa 1ª musica, que por justiça abre a seleção dos craques de música que com talento transcreveram sua paixão pelo futebol.
ALINHAMENTO DAS MUSICAS:
O Jogo" by Milton Nascimento,
"Samba Da Copa" by Fabio Fonseco,
"Camisa 10 Da Gavea" by Jorge Ben,
"E Uma Partida De Futebol" by Skank,
"Perdao Nao Tem" by Elis Regina & Pele,
"Obrigado Pele" by MPB4, "Samba Rubo Negro" by Joao Nogueiro,
"Caminho Do Gol" by Marcelo Salazar,
"O Futebol" by Chico Buarque,
"Que Bonito E" by Sylvia, "Maracana" by Azymuth,
"Paz E Futebol" by Marcos Valle,
"Fio Maravilha" by Tania Maria.