sexta-feira, setembro 22, 2006

Chick Corea e Gary Burtom grandes concertos em Portugal


Vai ser um fim-de- semana em "Grande" para o Jazz de Norte a Sul.

Os espectáculos de Cick Corea desenvolvem-se em torno do sublime "Crystal Silence", álbum lançado em meados de 1972 com o selo da editora alemã ECM, que consistiu no primeiro projecto em conjunto do pianista Chick Corea com o vibrafonista Burton. A partir deste disco, os duetos de Corea e Gary Burton tornaram-se clássicos. De resto, a relação entre os dois músicos é de tal forma especial que costumam reencontrar-se regularmente para concretizar novos projectos e enveredar por novas digressões, passando agora por Portugal.

Profundo, tranquilo, harmonioso, "Crystal Silence" ajudou a estabelecer a viabilidade de uma abordagem intrinsecamente moderna do jazz, sem desrespeitar, contudo, as premissas clássicas de um género muito especial, repleto de História e demais tradições baseadas no exercício livre, puro e espontâneo da improvisação. Abordagem moderna que resulta da versatilidade de Corea, da sua utilização aparentemente relaxada do jazz, e do folk, em conjunto com uma imensa complexidade e rigor clássicos. Enquanto o dinâmico Burton se assume como o parceiro mais do que perfeito, uma vez que ambos se complementam um ao outro, em melódica simbiose.


Corea com uma modulação cuidadosa e uma sonoridade cristalina, como que dando o toque de génio às diversas composições; e Burton com a sua habitual expansividade, conferindo intensidade ao conjunto de um álbum comummente reconhecido como um marco muito importante na História recente da música jazz.

Em suma, os timbres e sonoridades do piano de Corea e do vibrafone de Burton são complementares, tal como a relação de amizade entre os dois músicos, que se voltariam a juntar em 1997 para a gravação de "Native Sense - The New Duets" (foi então lançado pela Stretch Records e garantiu a Corea o seu nono Grammy, em 1998).

Chick Corea - Entre o mainstream e o fusion


Nascido no seio de uma família ligada ao mundo da música, Chick Corea começou a tocar piano aos quatro anos de idade, enquanto já ouvia os grandes mestres do jazz e da música clássica. Iniciou a sua carreira tocando com as bandas de Willie Bobo (1962-63) e Blue Mitchell (1964-66) e gravou o seu primeiro disco, como líder, em 1966. Nos anos que se seguiram tocou com o mítico Miles Davis, precisamente durante a célebre fase de transição para o jazz-rock, participando nos discos "Filles de Kilimanjaro", "In a Silent Way" e "Bitches Brew". Foi o primeiro passo para o reconhecimento mundial.

Em plena ressaca pós-Miles Davis, o dinâmico Corea tocou durante um breve período de tempo com os vanguardistas Circle, grupo formado por Anthony Braxton, Dave Holland e Barry Altschul. Não obstante, num dos seus primeiros discos com o selo da muito reputada ECM, intitulado "A.R.C.", de 1971, os Circle já não contam com Braxton. Mais tarde, Corea viria a formar os Return to Forever, um dos grupos mais influentes do então emergente estilo fusion, com Stanley Clarke no contrabaixo.

Entre os anos 70 e 80, Corea esteve envolvido em diversos projectos distintos: duos com o pianista Hebrie Hancock e com o vibrafonista Gary Burton, um quarteto acústico de jazz com Michael Brecker, Eddie Gomez e Steve Gadd e, entre outros projectos, uma digressão que reagrupou os Return to Forever. Em 1985, já com o selo GRP, formou um novo grupo de fusion, a Elektric Band, e mais tarde a Akoustic Band, contando ambas com o jovem e brilhante contrabaixista John Patitucci.

Na década de 90, Corea continuou a produzir uma obra diversificada, incluindo discos a solo, um tributo a Bud Powell e um reencontro com Gary Burton. Em 1992, fundou a sua própria editora, a Stretch, que depois se tornaria numa subsidiária da Concord. Seguiu-se, em 1998, a formação de um novo grupo acústico, os Origin, que se estrearam no restrito clube da Blue Note. Como contrabaixista, o jovem Avishai Cohen.

Independentemente do estilo que estiver em voga num determinado momento, Corea sabe fazer-se rodear por músicos altamente competentes. Entre os que preferem o seu lado mais mainstream e os que optam pela sua faceta mais fusion, o facto é que a obra integral de Chick Corea é suficientemente extensa e bem desenvolvida de modo a conter material que consegue agradar aos vários tipos de admiradores do seu talento.

- Hoje Coliseu dos Recreios - Lisboa

- Amanhã Casa da Música - Porto

- Jean Luc Ponty (ver proximo Post) no DOURO JAZZ» - FESTIVAL IN-TERNACIONALVila Real (Teatro de Vila Real)Régua (Solar do Vinho do Porto) Chaves (Forte de S. Francisco) até 21 de Outubro

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